terça-feira, 30 de setembro de 2014

HISPANISTAS x INDIGENISTAS



Hispanistas x Indigenistas


As palavras acima são atribuídas a duas correntes Historiográficas existentes, existem várias, mas tempestivamente as duas se enquadram ao assunto em baila. Com essas correntes farei um paralelo com o discurso do embaixador de descendência indígena Guaicaípuro Cuatemoc sobre a dívida externa que os Europeus devem pagar ao México.
Metalinguisticamente essas duas palavras se explicam por si só, a primeira é a produção do conhecimento histórico com a visão dos espanhóis, sendo estes uns dos idealizadores da exploração e do roubo de recursos naturais (ouro, prata e etc) das Américas, principalmente a região da Meso-América, essa exploração tem como objetivo enriquecer seus países colonizadores com a utilização de mão de obra escrava indígena e africana.
O pensamento Indigenista produz um conhecimento histórico visando mostrar positivamente os povos que aqui estavam, visão está é a que me concerne, pois sempre estarei do lado mais fraco, seja os índios, os proletários e de tudo que milite contra as classes dominantes capitalistas, imperialistas, exploratórias e ditatoriais.
Ontem na academia foi passado um vídeo espetacular contendo um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de descendência indígena, defendendo o pagamento da dívida externa do seu país, o México, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Européia. A conferência dos chefes de Estado da União Européia, Mercosul Caribe, em maio de 2002 em Madri, viveu um momento revelador e surpreendente: os chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e de exatidão histórica que lhes fez Guaicaípuro Cuatemoc.
Partindo dos pressupostos historiográficos, ao pesquisarmos sobre o embaixador em questão veremos alguns artigos hispanistas que obviamente irão criticar e tentar suprimir a credibilidade das fontes dizendo que não confere com a realidade determinado discurso, não atribuído o mesmo ao embaixador. Independente da conclusão da crítica interna e externa da fonte, o texto é espetacular e nos ajuda a refletir sobre a verdadeira face da divida externa, bem como a procura de respostas do verdadeiro credor e devedor.
Será que somos nós que devemos pagar a divida externa atual que foi gerada por meio de usura econômica ou são eles que entraram em nosso território, exploraram, assassinaram nossos povos e se enriqueceram as nossas custas?
Não precisa responder, apenas reflita e leia o discurso na íntegra logo abaixo, bem como veja o vídeo que fará com que você ovacione com uma salva de palmas o brilhante discurso. Independente de sua origem, sendo ou não do indígena, como diz algumas fontes já pesquisas pelo subscritor, considero o mesmo muito bem elaborado e pertinente, dando um tapa com luva de pelica na cara dos bárbaros europeus.



Segue discurso na íntegra:

"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" há 500...

O irmão europeu da alfândega pediu-me um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram.

O irmão financeiro europeu pede ao meu país o pagamento, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse.

Outro irmão europeu explica-me que toda a dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros, sem lhes pedir consentimento.

Eu também posso reclamar pagamento e juros.

Consta no "Arquivo da Companhia das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos de 1503 a 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

Teria aquilo sido um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!

Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.

Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a actual civilização europeia se devem à inundação dos metais preciosos tirados das Américas.

Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas uma indemnização por perdas e danos.

Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra e de outras conquistas da civilização.

Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?

Não. No aspecto estratégico, delapidaram-nos nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias outras formas de extermínio mútuo.

No aspecto financeiro, foram incapazes -- depois de uma moratória de 500 anos -- tanto de amortizar capital e juros, como de se tornarem independentes das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar, o que nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos para cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.

Limitar-nos-emos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, concedendo-lhes 200 anos de bónus. Feitas as contas a partir desta base e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, concluímos, e disso informamos os nossos descobridores, que nos devem não os 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, mas aqueles valores elevados à potência de 300, número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.

Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?

Admitir que a Europa, em meio milénio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para estes módicos juros, seria admitir o seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.

Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam a nós, índios da América.

Porém, exigimos a assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente na obrigação do pagamento da dívida, sob pena de privatização ou conversão da Europa, de forma tal, que seja possível um processo de entrega de terras, como primeira prestação de dívida histórica..."

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